terça-feira, 26 de novembro de 2013

MAS QUE GRANDE TRISTEZA!





"QUEM QUER SER MILIONÁRIO?"
fig. 1) A Sara acertando a resposta.
fig. 2) A Manela a explicar como (não) se lê o Pi.
fig. 3) A Sara ainda confiante.
fig. 4) A Sara desconfiante.

Que grande tristeza, ou a VÃ SORTE de quem apenas quer passar um bocadito do serão, sossegado, sem grandes alaridos, sem drama nem despropositadas gargalhadas. Mas isso era o que eu procurava, quando, após o costumeiro zapping, resolvi estacionar o comando na RTP 1.

Hoje em dia, em termos de espetáculos e informação, há tanta matéria e conteúdos que um tipo nem sabe bem o que escolher, nem por onde começar.
Dantes, em épocas idas, pelo menos lá pelas bandas do Cartaxo, a rapaziada, sempre que achava piada a um qualquer assunto mais rocambolesco e, por via disso, arranjar motivo para pôr-se a gozar com determinado colega, costumava dizer: - "Isto ainda é melhor do que ir ao Cinema!"
Pois era. Mas quando um o fulano proferia aquela frase, estaria certamente a referir-se a um tipo de filme mais ou menos cómico, uma fita para rir. Até porque as fitas que só traziam drama e desgraça, eram mais do agrado das mulheres mais maduras ou das de idade avançada. Elas, como que por masoquismo, gostavam de professar uma cultura de carpidura e convulsões; impregnar a sua alma com o "drama da coxinha" em vez da cultivar o riso e a destemperada e sonora gargalhada, como a rapaziada nova fazia. Cow-boys e comédia desbragada era connosco. Enfim! Eram outros tempos.
Como já disse no início, a malta, de tanta oferta, nem sabe bem o que escolher para ver, ouvir e ler. Não há fome que não dê em fartura, mas há fartura e há fartura. E por falar em fome e em fartura, não se pense que o tema que aqui me traz hoje, tem alguma coisa a ver com aquelas guloseimas em forma de rosca, cor de ouro e pejadas de açúcar, que se vendem nas autocaravanas, aí por essas feiras fora. Não. Aqui o assunto, que nada tem a ver com comezainas, tem duas vertentes: uma cómica e outra dramática. Assim como uma espécie de dois em um. E passo a relatar.
Ontem, à noite, estava eu fazer o habitual e incomodativo (só para terceiros) zapping via TV, quando, ao passar pela "nossa" RTP, me deparei com o Concurso em título. Não é que eu seja um assíduo e fiel espetador daquele passatempo, mas, já que por ali estava, e com a mão na massa, por que não ver "o fundo à panela" e seguir o diálogo das meninas? E assim fiz: por ali parei, por lá fiquei.
A primeira concorrente, que, pelos vistos, já sobrara da 1ª parte (que eles dizem ser da véspera), era uma tal de Vânia, professora do Ensino Básico. E estando a senhora habituada ao Básico, também não admirava que, parte das vezes, ela se situasse numa linha de atuação dentro de básicos conhecimentos. Pelo menos, assim, estaria a ter um fiel comportamento a tal nível educacional. Depois de algumas falhas e periclitantes respostas, lá veio a pergunta com o diabo das cagarras. Então a senhora não sabia que o Cavaco Silva esteve, aqui há pouco tempo, com uma cagarra entre mãos? E não sabia a dita senhora, que o Cavaco tinha andado aos trambolhões, escarpas abaixo e, depois, devido ao cansaço, até pernoitou na Selvagem Grande? Grande falha de memória (ou de conhecimento) a sua, professora Vânia. Sua e a do seu pseudoajudante, porque este, com menor pressão, por não estar a dar a cara na TV, também não se saiu lá muito bem. Enfim, um fiascozito. Mas esta 1ª parte era apenas a ponta do iceberg da sessão, para aguçar o apetite aos telespectadores, porque o melhor ainda estaria para vir.
E, com o chumbo da professora Vânia, veio uma nova concorrente. Esta, em termos de rapidez de dedo, nada ficava a dever à primeira. Mas ela não era uma concorrente qualquer. Porque, além de ser um pedaço mais nova que a primeira, ainda se chamava Sara Chaves, vinha de Sintra e ria por tudo e por nada. Mas isso não tinha mal; se ela tanto sorria, era porque estava contente. E contente também deve ter ficado a malta, quando ela apresentou o seu currículo. Sim, porque os portugueses não são invejosos. Gente com tais performances e anseios, não são olhadas como "personas non gratas", mas antes com um misto de vénia e subserviência. Assim a menina viesse a dar provas de que o merecia.
A Sara, além de se ter apresentado com os tais rasgados sorrisos e de nariz um tanto empinado, boa prosápia, também disse que, além de ser licenciada em Gestão, tinha uma pós-graduação em Marketing e Comunicação. E, não se ficando por aqui, ainda disse esperar entrar, num destes dias, no Mestrado. Para começo de concurso não estava mal. Até porque todos sabemos quão difícil foi a certos políticos atingirem certos certificados académicos (vulgo canudos), tendo alguns deles conseguido a folha, se não à força, ao menos através de meios bastante obscuros.
Mas a Sara, evidenciando descontração, mostrava-se pronta a entrar na liça. E lá saiu a primeira pergunta (ver fig. 1).
Nesta questão, a Sara nem pestanejou. Acertou logo à primeira. Porém, para estragar tal desempenho, tinha que ser a RTP a dar duas das suas já habituais barracadas.
Tratava-se do valor de Pi, que, como toda a gente sabe (e até a Sara sabia), é um número irracional, cujo valor abreviado é de 3,14159265... e por aí fora, até ao infinito. De facto, o tipo que fez a legenda escreveu 3, 1415. Isto está errado. Se ele queria abreviar no 4º algarismo, então tinha que escrever 3, 1416... Como facilmente se compreende, o arredondamento do 5 é por excesso e não por defeito, pois que é seguido do 9. A segunda calinada foi da Manela. Mas como é ela quem dá a cara pela RTP... A fulana, no sentido de ensinar à concorrente como se lia o número, disparou o seguinte despautério: 3,1415... três, mil quatrocentos e quinze. Seja, três, vírgula, mil quatrocentos e quinze. Onde chegou a ignorância, Dios Mio!
Mas a sessão ainda agora ia a meio. Às tantas, apareceu uma pergunta do tipo lana caprina, que era mais ou menos assim:
Ao tempo do sismo de 1755, em Lisboa, por alturas do Marquês de Pombal, quem era o rei?
A-D. Sancho II; B-D. José I; C-D. Afonso IV; D-D. Carlos I
Mas a Sara, tendo excluído de imediato o D. Carlos, porque, segundo disse, (e para gáudio da Manela), esse rei já tinha morrido, não foi capaz de engrenar na resposta. Mas, segundo ela, isso não constituía qualquer problema, já que, com a ajuda da sua amiga Carla, que a Sandra apelidava de SABICHONA, ia ser canja. A Manela telefonou; a Sara perguntou, mas a Carla é que não respondeu. Afinal, a SABICHONA não sabia. Nisto, recorre-se à ajuda do Público. Este, contrariamente ao que tem sido hábito - dizem - lá acertou. Era mesmo D. José I.
Disse então a Sara que, antes, tivera um feeling que lhe soprava aos ouvidos, falando do D. José, mas, pelos vistos, não passou de feeling nem de sopro.
Ao cair do pano, cai uma pergunta que questionava qual a capital da Eslováquia. Então, a nossa Sara, que pouco tardou na resposta, atirou com esta: Budapeste!
Com franqueza. Se fosse a capital do Laos, do Bahrein ou Burkina Fasso, ainda vá que não vá, agora a de um país europeu, da C.E?
Depois do estrondoso falhanço, disse ela: - "Eu devia ter pensado 2 vezes!" E digo eu: pois é, mas estas coisas esquecem muito a quem não sabe, não é Sara?
Tenho a certeza de que, a esta hora, estarão os putos dos 3º e 4º anos a pedir aos pais para que os deixem participar no "Quem Quer Ser Milionário". Eles, lá no seu conceito, acham que fariam bem melhor do que a eminente licenciada, pós-graduada e, não tarda, MESTRE.
São estes casos que dão azo a que o Crato venha exigir exames aos professores e, qualquer dia, a todos os licenciados, exceto os seus colegas com Cursos de Vão de Escada. Esses, enquanto o esquema durar, estarão sempre a salvo das investidas do ministro.
Cultiva-te Sara! Cultiva-te rapariga. Mais aprendizagem e menos risota.
Quero com tudo isto dizer, que esta sessão, a avaliar pelas airosas entradas em cena das concorrentes (especialmente da Sara), prometia muito. Como esta ria e ria, eu, que não sou amorfo, por efeito de contágio, também ria. O espetáculo estava a ser fixe. Mal tinha começado a saga e já eu ria a com alguma galhofa; depois, numa fase mais adiantada, dei por mim a rir a bandeiras despregadas. Perto do final, as lágrimas que eu vertia, já não eram providas de gozo, mas de tristeza. Ainda tentei conter-me, mas não fui capaz. E se tentei, talvez fosse pelo ditado que se diz, que "um homem não chora".
Acabou por ser um espetáculo, dentro do espetáculo, que foram a Vânia (menos) e a Sara (mais, muito mais). Se me pedissem para o classificar, eu diria que se tratou de misto de comédia, primeiro, e drama, depois. Ao contrário do que quase sempre acontece no Cinema, em que tudo acaba bem para o rapaz, aqui o final foi dramático. Isto, tanto para as duas raparigas, como para aqueles que, tal como eu, se sujeitaram a este vexame noturno ofertado pela estação televisiva que é de todos nós. Pelo menos daqueles que, mesmo com drama, ainda vão pagando os impostos.
Mas não se dramatize. Esperemos por melhores sessões, caso os donos da RTP o queiram.




segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O Senhor ROSALINO e o rosalino

Maria de Lourdes dos Anjos : 
Um Senhor chamado Rosalino.
Há quanto tempo não vejo o meu amigo, o senhor Rosalino. Tenho saudades das suas 
gargalhadas francas, do seu sorriso contando a sua meninice atribulada, das suas estórias 
familiares repartidas entre cinco mulheres de luta e garra (sogra, cunhada, duas filhas 
maravilhosas e, é claro, a sua Emília). 
Lembro as festas para as quais me convidava e onde me sentia tão bem, tão verdadeiramente 
em “família”. Sei que, com alegria, me confiou as suas meninas, a Manuela e a Ana, sabendo 
que estavam em boas mãos e tenho a certeza que ainda hoje, se fala de mim com muito 
carinho, na casa do senhor Rosalino. 
Eu recordo este amigo, com ar jovem e feliz, ao balcão da sua drogaria em S. Pedro da Cova, 
falando de tudo com toda a gente. Sabia toda a psicologia da vida, todas as malandrices dos 
menos honestos e era dono do sonho de menor desigualdade nesta terra hoje ainda 
nossa…mas já pouco nossa! 
Claro que falo do meu amigo de esquerda, com direito à liberdade, e com um 
coração enorme bem no centro do seu percurso de vida. Homem bom e de bem. 
O outro Rosalino, quase careca, mal-encarado, mentiroso, e desonesto quanto baste, não 
conheço, não sei de onde veio nem para onde vai mas eu, eu sei que não vou na cantiga dele. Faz parte de uma pandilha que se esqueceu que os servidores do estado eram isso 
mesmo, servidores. Tinham vencimentos de miséria eram obrigados a assinar a declaração 
vinte e sete mil e três, estavam proibidos de fazer perguntas ou reclamar. Tinham uma coisa 
rara para o tempo, que era um diploma de habilitações escolares e, se eram uns sortudos a 
quem a vida dera um curso, ganhavam quatro vezes menos no público do que no privado. 
Qualquer cidadão que fosse porteiro num banco ou numa companhia de seguros ganhava 
muito mais que um professor. 
As coisas mudaram um pouco durante a primavera marcelista, por volta de 1972, mas só 
depois de abril, com os escalões aplicados nas remunerações dos professores, polícias e outros 
funcionários os ordenados subiram de forma que “se visse”. 
Quando a idade da reforma chegava, ela dava um salto porque se deixavam de fazer 
descontos para a ADSE e para a CGA…Mas, atenção, todos ficavam sem aumentos durante seis 
anos até que as pessoas no ativo tivessem salários iguais às reformas atribuídas. 
Agora aparece nas varandas engalanadas da TV, um tal Rosalino, quase careca, mal-encarado, 
mentiroso e desonesto quanto baste, tentando transformar em salteadores os servidores 
desse Estado que já não é nosso, tentando guerras intestinas entre velhos e novos, 
desempregados e trabalhadores, públicos e privados, enfim, entre gente da mesma terra mas 
com tempos tão distantes e realidades tão diferentes. 
Sabia estas coisas, senhor Rosalino!?Sabe o que é trabalhar senhor Rosalino!? Olhe meu rico 
senhor, comecei a trabalhar em 1968 e o meu vencimento eram mi oitocentos e três escudos, 
depois, para terem professores nas escolas passaram o vencimento para dois mil setecentos e 
três escudos ( ainda bem que nunca , nas finanças, me tiraram os três… escudos do salário). 
Agora estes Alibabás, de repente, tiram-me tudo o que eu queria que fosse para ajudar os 
meus netos, para pagar as fraldas da minha mãe e as minhas, claro. 
Ó senhor Rosalino, dê um saltinho até S. Pedro da Cova, pare na drogaria do senhor Lino, 
na mó, ouça o que esse outro Rosalino sabe da vida, veja a realidade do povo que é gente, 
conheça pessoas honestas e depois vá dormir um sono. 
Olhe, cresça e apareça! 
Sabe, até me apetecia chamar-lhe um nome feio mas não quero ofender a senhora sua 
mãe! Passe bem… Há quanto tempo não vejo o meu amigo, o senhor Rosalino. Tenho saudades das suas gargalhadas francas, do seu sorriso contando a sua meninice atribulada, das suas estórias  familiares repartidas entre cinco mulheres de luta e garra (sogra, cunhada, duas filhas maravilhosas e, é claro, a sua Emília).
Lembro as festas para as quais me convidava e onde me sentia tão bem, tão verdadeiramente  em “família”. Sei que, com alegria, me confiou as suas meninas, a Manuela e a Ana, sabendo que estavam em boas mãos e tenho a certeza que ainda hoje, se fala de mim com muito carinho, na casa do senhor Rosalino.
Eu recordo este amigo, com ar jovem e feliz, ao balcão da sua drogaria em S. Pedro da Cova, onde mandei comprar alguns materiais. Um homem franco e aberto, falando de tudo com toda a gente. Sabia toda a psicologia da vida, todas as malandrices dos menos honestos e era dono do sonho de menor desigualdade nesta terra hoje ainda nossa…mas já pouco nossa!
Claro que falo do meu amigo e mui honesto Rosalino. Este, com direito à liberdade, e com um coração enorme bem no centro do seu percurso de vida. Homem bom e de bem.

O outro rosalino, quase careca (mais lhe valia assumi-lo), mal-encarado, com cara de morcão, mentiroso e desonesto quanto baste, não conheço. Não sei de onde veio nem para onde vai mas eu, eu sei que não vou na cantiga dele. Faz parte de uma pandilha que se esqueceu que os servidores do estado eram isso mesmo, servidores. Tinham vencimentos de miséria eram obrigados a assinar a declaração vinte e sete mil e três, estavam proibidos de fazer perguntas ou reclamar. Tinham uma coisa rara para o tempo, que era um diploma de habilitações escolares e, se eram uns sortudos a quem a vida dera um curso, ganhavam quatro vezes menos no público do que no privado.
Qualquer cidadão que fosse porteiro num banco ou numa companhia de seguros ganhava muito mais que um professor.
As coisas mudaram um pouco durante a primavera marcelista, por volta de 1972, mas só depois de abril, com os escalões aplicados nas remunerações dos professores, polícias e outros funcionários os ordenados subiram de forma que “se visse”.
Quando a idade da reforma chegava, ela dava um salto porque se deixavam de fazer descontos para a ADSE e para a CGA…Mas, atenção, todos ficavam sem aumentos durante seis anos até que as pessoas no ativo tivessem salários iguais às reformas atribuídas.
Agora aparece nas varandas engalanadas da TV, um tal rosalino, quase careca (mais lhe valia assumi-lo), mal-encarado, mentiroso e desonesto quanto baste, tentando transformar em salteadores os servidores desse Estado que já não é nosso, tentando guerras intestinas entre velhos e novos, desempregados e trabalhadores, públicos e privados, enfim, entre gente da mesma terra mas com tempos tão distantes e realidades tão diferentes.

Sabia estas coisas, senhor rosalino!? Sabe o que é trabalhar senhor rosalino!? Olhe meu pobre senhor, comecei a trabalhar em 1968 e o meu vencimento eram mil oitocentos e três escudos, depois, para terem professores nas escolas passaram o vencimento para dois mil setecentos e três escudos ( ainda bem que nunca , nas finanças, me tiraram os três… escudos do salário).
Agora estes Alibabás, de repente, tiram-me tudo o que eu queria que fosse para ajudar os meus netos, para pagar as fraldas da minha mãe e, não tarda, as minhas.
Ó senhor rosalino, dê um saltinho até S. Pedro da Cova, pare na drogaria do senhor Lino, na mó, ouça o que esse outro Rosalino sabe da vida, veja a realidade do povo que é gente, conheça pessoas honestas e depois vá dormir um sono intranquilo, já que gente dessa laia não conseguirá jamais ter um sono sossegado, depois de tanta malvadez.
Olhe, cresça e apareça, seu mamão, cara de bebé chorão!
Sabe, até me apetecia chamar-lhe um nome feio, mas não quero ofender a senhora sua mãe, cuja e única culpa foi a de não ter apertado as coxas aquando da sua saída! Passe mal…


Nota: Como conheço algumas das pessoas citadas, não pude deixar de postar esta crónica.

domingo, 8 de setembro de 2013

À atenção dos CICLISTAS (eu incluído)

- De Bikla - SEM LEI, NEM ROCK -
Agora, com esta nova lei do Código de Estrada, que vai sair em novembro, é que o Governo vai acabar com o défice das contas públicas e demais calotes aos credores internacionais. Além disso, também os ROUBOS que têm sido praticados pelo executivo, mormente nos vencimentos e nas pensões, deixarão de ter razão de existir. Estou convicto de que todo o tecido escolar e hospitalar irão beneficiar, em larga escala, daquela medida, sendo que, no que concerne ao despedimento de docentes e enfermeiros ou as remessas de jovens “encaixotados” para os lotes da emigração, deixam de fazer qualquer sentido, porque o dinheiro vai abundar. E, ou me engano muito, ou até vai haver margem para alimentar mais umas GOLPADAS do tipo do BPN, da sua prima SLN, e demais falcatruas operadas pelas manigâncias dos grandes cérebros da alta finança e dos políticos, seus compadres. Pois é, meus caros concidadãos: a nova lei, que já está na forja, e vai conceder muito mais direitos e, espero eu que, muito menos deveres aos ciclistas, quando for homologada e publicada no D.R., trará, por força da dinâmica agora implantada no terreno (de asfalto ou paralelepípedo), uma tal torrente de verbas provenientes das coimas aplicadas, que, dir-se-á, vamos entrar, de novo, na época das VACAS GORDAS. Ainda que na expetativa, há, até, quem já esteja a esfregar as mãos de contente.
Já li, de modo superficial, algo sobre esse projeto de lei, que está em fase embrionária, mas que irá sair não tarda muito.
É claro, que é bem possível que tudo o que acabo de escrever não passe de simples especulação. Se, no futuro, os dados do problema forem alterados, o mais provável é termos um cenário muito diferente do que agora alvitro. Contudo, desde que li algo sobre a citada lei, tenho observado com mais atenção os comportamentos dos ciclistas em estrada, na cidade e em tudo o que a envolve, e o que tenho visto não abona muito a favor destes. Desde grupos de três, quatro ou mais fulanos a circular, estrada fora ou também no interior da cidade, paralelos entre si; ao jeito de circular fora de mão, mesmo em vias separadas, como é o caso da Via de Circunvalação, no Porto; o andar de bicicleta pelos passeios, fazendo SS em volta dos peões; o atravessar passadeiras, montados nas biklas, com ou sem semáforos, pelo meio dos peões; deitar o olho e passar ou arrancar, ainda com o sinal vermelho, etc., é um autêntico pandemónio. É frequente, até, ver ciclistas a circular à noite, dentro ou fora da cidade, sem quaisquer sinais luminosos na bikla. Pensarão muitos destes incumpridores que, com a nova lei, estão mais salvaguardados dos acidentes, sem que, no entanto, tenham feito nada para que, da sua parte, os comportamentos sejam substancialmente alterados? Isto para melhor, já se vê.
Portanto, uma coisa é certa: ou se faz uma campanha séria, através dos órgãos informativos, no sentido de esclarecer e responsabilizar todos, os que, diariamente ou não, sejam utentes da via pública, ou temos uma emenda pior do que o soneto do outro. Se assim não for, os cofres dos COMILÕES e seus quejandos vão mesmo encher-se de muitos MILHÕES de €, ao mesmo tempo, que hospitais e cemitérios vão ficar atafulhados de gente: uns vivos, outros nem tanto.
 
Esclareço, porém, que tanto utilizo as vias de circulação na situação de automobilista, como na de ciclista; também o faço como peão, e espero bem não ter que contribuir para o BOLO dos MILHÕES do Executivo ou, ainda menos, para os dois outros sinistros destinos alternativos.
 
a)      José Caria Luís

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O RACISMO e os RACISTAS

OS RACISTAS
Eu também já fui um antirracista, nos tempos em que, em Portugal, chefiei pretos. E até os defendia, quando era caso disso. Porém, depois de ter trabalhado em Angola, mudei radicalmente de opinião. Não os abomino, mas passei a procurar selecioná-los. É verdade que encontrei exceções... mas poucas. E se formos analisar apenas polícias, então, Deus me livre!

UM PRETO SEM COMPLEXOS







Este testemunho, contado na primeira pessoa - que não se envergonha de ser preto - só vem dar razão à mudança de opinião, que em tempos operei, sobre este complexo tema.

sábado, 16 de março de 2013

SOS - LADRÕES À SOLTA

A LADROAGEM vai ficar impune???
passos coelho vitor gaspar miguel relvas paulo por
     Pelo que se vai ouvindo, vendo e, pelos vistos, aceitando, dou comigo a pensar se a maioria dos portugueses não será demasiado bacoca, comodista, servil e sei lá que mais, quando se verga ao pesado fardo que a ladroagem lhe aplica sobre os costados. Será possível que um povo, que descende de gerações de tão grandes e históricos valores, assista deste modo, pouco menos que impávido e sereno, às arbitrariedades que uma meia dúzia de troca tintas nos impõem, como figurino, nas nossas vidas? Será possível que se assista ao agravar da situação, a cada dia que passa, sem que esse mesmo povo tome uma posição mais radical contra a afronta que lhe vem sendo movida por esta classe de nefastos politiqueiros? Será possível que se continue a aceitar o apadrinhamento e a conivência do Presidente da República com tais atentados às famílias portuguesas? Ele, o Aníbal António Cavaco Silva - esse mesmo, o filho do Teodoro, do Poço de Boliqueime - que funções desempenha, ao fim e ao cabo, além de se refugiar no seu cómodo cantinho, sair uma vez por mês para cortar umas fitinhas e ler textos, muitos deles desprovidos de nexo, que, segundo dizem as más-línguas, são escritos pela Maria? Não foi ele que jurou (e já lá vão duas juras) cumprir e fazer cumprir a Constituição da República? E que tem ele feito? Nada. Eu, sem receio de me equivocar, até diria mais: ele não cumpre, nem faz cumprir a Constituição. Assim sendo, aquele Palácio de Belém encerra uma máquina ultra onerosa, que os portugueses têm que suportar, para que dali nada seja emanado em proveito de quem, com tanto sacrifício, o sustenta. Nem mesmo o Palácio da Zarzuela, mesmo com a fama do sustento da amante e de paranoias do rei, se assemelha em tais gastos.
     Um cidadão deste país, que trabalhou desde a idade dos dez anos, estudou de noite porque não havia meios para o fazer no diurno; foi roubado pelo patronato nos descontos para a Segurança Social, durante uma década, até aos vinte anos; após a qual foi "forçado" a entrar numa espiral de descontos obrigatórios para essa mesma S.S., durante quarenta e cinco anos, culminando com a reforma, pode, esse mesmo cidadão, ser espoliado dos seus direitos de auferir o rendimento para o qual, e por força da lei, contribuiu? E, para mais, durante os últimos dezassete anos, a contribuição para a S.S. (que mais parece estar a transformar-se na SS de Hitler), foi de 15 (quinze) meses por ano. Mas eu já não peço tanto, mas tão somente os generalizados catorze meses, os quais, pelo que me é dado ver e a avaliar pelo surripianço de que estou a ser vítima, ficam em risco de se transformarem no bosão de Higgs. Se já nem os doze meses me são pagos...
     Seria de todo conveniente que a Ladroagem que nos afronta, não prosseguisse tão ignóbil  caminho. Haja um mínimo de decoro e vergonha na cara. Haja alguém, um grupo ou um povo que se indigne e revolte (revolte a sério) contra esta cambada de gatunos, que só zela pelas suas negociatas e as dos seus amigalhaços. Façamos um lista com os nomes desses falsários da área financeira, com predominância para o BPN, e dos autarcas corruptos que por aí se pavoneiam de recurso em recurso, até escaparem à cadeia, e não nos admiremos que as páginas de uma qualquer lista telefónica não cheguem para os albergar a todos.
     Caros concidadãos, ansiemos pela chegada de melhores dias! Contudo não esperemos sentados.

Um cidadão com identidade: José Caria Luís
 
Obs. Texto escrito pelo A.O.
 
          
    
    
       

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

"CHARLATANICES" com "da" e com "de"


CHARLAS LINGUÍSTICAS e CHARLATÃES
 
     Comecei, desde muito cedo, a aprender que esta coisa da Língua Portuguesa e suas ramificações,  não são tão fáceis como me quiseram fazer crer. Ainda andava pela Primária e já tinha a mania que sabia umas coisas acerca da "língua de Camões". Lá porque me diziam que eu tinha uma letra bonita, dava poucos erros ortográficos e apresentava redações explícitas q.b.,  convenci-me de que me bastaria conservar aquelas embrionárias valências, para, a qualquer momento,  fazer delas uso, quer fosse no exercício de uma futura atividade profissional, quer noutras áreas onde aqueles atributos me fossem úteis. Bofetões, da velha professora Elisa, levei alguns, não tanto pela falta de aplicação nas aulas ou na demonstração do resultado dos conhecimentos adquiridos, mas tão somente porque eu tinha uma extraordinária apetência para levar tudo para a brincadeira. Enquanto os meus colegas passavam o tempo da aula subjugados à disciplina da cana-da-índia, eu levava a coisa na desportiva. Era mais bofetada, menos bofetada. Até porque a mestra só costumava dar umas bordoadas, com aquela cana cheia de nosaria, a quem estava no quadro. Aos que prevaricassem na carteira, como era o caso, o tratamento era mais à base de chapada. Pese embora a senhora ser possuidora de umas mãos bastante escanzeladas e ossos duros, os nós dos seus dedos não eram assim tão rijos que se comparassem aos nós da cana.

     Mas onde é que eu quero chegar, com toda esta espécie de lengalenga? Perguntarão vocês. Pois então, vou responder.Tem isto a ver com adjetivações, imprecisõescharlas e charlatices, que é o que, a todo o momento, nos querem impingir. Quando era puto, ouvi, umas largas centenas de vezes, às velhotas de Vale da Pinta, a seguinte frase:
     - Eu não sou como o relógio de Valada, que repete sempre três vezes!
      O que elas queriam dizer, na delas, é que já tinham dito uma vez e estava dito e sentenciado. Não estavam para perder tempo a repetir, nem por uma só vez, o que antes tinham ordenado. Nós, putos, a viver a dezassete quilómetros de Valada do Ribatejo, sabíamos lá quantas repetições é que o diabo do relógio fazia... Mas que elas o afirmavam, afirmavam.
     Passados uns anos, tinha eu saído da tropa, fui fazer um trabalho no edifício da Junta de Freguesia dessa mesma Valada, a tal do invulgar relógio que tocava que se fartava. Para quem não saiba, a Junta de Freguesia era ali quase paredes-meias com a igreja que albergava o famoso relógio, por isso era-me fácil escutar e contar as repetições que soavam no avisador da terra. E não era que eu me punha a contar: uma, duas, três e... alto. O raio do aparelho estaria parcialmente avariado? Se só repetia duas vezes...
     Como eu era teimoso que nem uma mula velha, não descansei enquanto não perguntei ao presidente da autarquia, sr. José Barata, se aquele instrumento era recente ou se, pelo contrário, já lá estava a bater horas quando me aldrabavam com aquela estória das três repetições. O homem levou a coisa para a brincadeira, e, respondendo à questão que lhe coloquei, disse-me que aquele relógio já era da era dos afonsinos. Não satisfeito com uma só resposta, ainda perguntei ao escriturário, sr. Guilherme Alves, se era mesmo verdade, que aquele antigo relógio tivesse, algum dia, repetido por três vezes o toque das horas. O homem, na altura com uns sessenta anos, gracejou dizendo que já ouvira essa estória do relógio de Valada, contada por gente de fora, mas que isso não passava de uma invenção. Portanto, o relógio assinalava as horas por três vezes, mas, por exclusão de partes, só repetia duas.
     Depois, em posteriores conversas, que aflorei em Vale da Pinta, acerca de tal episódio, ainda fui acusado de ser demasiado preciosista. Para quê questionar o facto de as pessoas acharem que duas eram o mesmo que três? Que mal tinha chamarem três a duas e duas a três? Pelos vistos, nenhum. Mas se, naquela época, alguém tivesse a ousadia de transportar o tema para o estado de uma qualquer donzela, logo veria que a moçoila nunca poderia, em caso algum, argumentar que dois era igual a três. Em terras pequenas, livrasse-se ela de tal heresia; até eram capazes de a apedrejar. Mas isso foi preconceito do passado, porque, nos tempos que correm, tão boa figura fazem as que têm dois, três...como aquelas que somam quinze ou vinte. Dá para perceber que estamos na era das equivalências. Que o diga o Miguel Relvas. Tanto assim é, que, se hoje em dia vamos a um qualquer hipermercado e, por vezes, pagamos só duas peças e trazemos três... é porque duas podem ser iguais a três, tal como o relógio de Valada.

      Mas os preciosismos, embora com um interregno de algumas décadas, não iriam ficar por ali, já que muitas outras questões, algumas com origem na política e na imprensa, me saltavam à mente. Mas antes, permitam-me que divague um pouco sobre a raiz da questão, que mais não é do que o famigerado imbróglio dos "da" e dos "de".  Se eu, ou um outro meu conterrâneo, falar da minha terra, digo eu e diz ele: sou de Vale da Pinta; se o fulano for de Vale da Pedra, dirá isso mesmo; se for de Vale de Cavalos, também o dirá, mas se for do Vale de Santarém, do Vale da Porca, do Vale da Tapada ou, ainda, do Vale da Serra d'Arga, já não é o mesmo. Como não sou especialista na matéria nem abelhudo, deixo aos outros a possibilidade de se evidenciarem, analisando e concluindo o que se lhes oferecer opinar sobre tal tema.

     Sem descurar o preciosismo, mas agora a um nível menos erudito, num patamar inferior, mais a descambar para a arruaça, quiçá a roçar a boçalidade e o vernáculo, mas de todo real, vou persistir na senda dos tão controversos "da" e "de", para ver se consigo vislumbrar o que tem estado na origem de tanta discórdia.
     Aqui há uns anos, ainda o Nuno Gomes era júnior do Boavista, fui assistir, no campo nº 2 do Estádio do Bessa, a um jogo entre esta equipa e a do Benfica, a contar para o Nacional da categoria. O árbitro Carlos Pinto, de Coímbra, como já vinha sendo hábito, roubou o Benfica até mais não. Ele, devido ao acumular de procedimentos e atuações menos honestas, até foi posto fora da arbitragem. Mas eu, que tinha pago o meu bilhete para ver um jogo que pretendia fosse arbitrado com um mínimo de idoneidade, não me conformava com tal roubalheira. De tal modo eu estava irritado, que comecei a insultar (?) o fulano do apito, à boa maneira do Ribatejo, com predominância para a palavra "cabrão". Um dos espetadores, ali ao meu lado e que eu não conhecia de lado nenhum, perguntou-me:
     - O senhor não é do norte, pois não? - ao que eu respondi:
     - Não sou, não! Porquê?
     - Sabe, é que nós, aqui, o que costumamos chamar aos árbitros, é "filho da puta". Concluí, então que, entre uma palavra e a outra, era uma questão de preciosismo.

     Ao longo dos tempos em que permaneci cá pelo norte e centro-norte, fui ouvindo frases que, no centro-sul e sul seriam impensáveis. Muitas vezes assisti, de fora, a conversas entre rapaziada, entre amigos, em que um deles, ou mais, para chamar ou questionar um membro do grupo, que estaria a uma qualquer distância, ou que estaria a chegar, não interessa, usavam amiúde (e usam) a seguinte frase: 
     - Então ò filho da puta, onde é que tens andado?
     Mas é filho da...., ou filho de.... ? É que uma vez, em Coímbra, assisti a uma conversa entre o dono de um snack e um seu conhecido cliente, que por ali costumava almoçar, e fiquei a matutar naquilo que o recém-chegado disse. A uma pergunta do proprietário, estabeleceu-se o seguinte diálogo:
     - Então, Zé Carlos! Vens com a fronha um bocado amarrotada, pá! Quem é que te fez isso?
     - Foi o Mário Bozano, com uma cabeçada! - respondeu, com frieza, o cliente.
     - O quê! E tu deixaste que isso acontecesse?
     - Ora, como o gajo era meu amigo, eu não esperava, e fui apanhado de surpresa.
     - Eu sei que ele era teu amigo, mas para te fazer isso, alguma tu fizeste!
     - Ora, apenas lhe chamei filho da puta!
     - Então, Zé Carlos, só se perderam as que cairam no chão! Não achas que o Bozano teve razão para te fazer isso?
     - Não, não acho! Porque se eu lhe tivesse chamado filho de puta, então estaria a ofender a mãe dele, agora filho da puta, é uma coisa normal, generalizada, sem ofensa, e ele não deveria ter levado a mal.

     Então, agora e perante o exposto, digo eu: se tudo isto é uma questão de preciosismo, pode um vulgar cidadão deste país chamar filho da puta a um político, cara a cara, sem estar a incorrer numa ofensa ou, pelo contrário, está a tratar o fulano de modo menos amistoso? E se, pelo contrário, o chamar de filho de puta? Onde é que se situa este epíteto? Qual é o ofensivo e o inofensivo? É uma questão de regionalismo? Será uma questão de o político ser sobejamente conhecido? É que há gente dessa que o povo já conhece de gingeira, sabem? E se estivermos em qualquer região do país, ilhas incluídas, e soubermos que um determinado político é mesmo um grandessíssemo filho de puta? Poderá ser tratado como tal, ou tem que se ser mais afável e tratá-lo apenas por filho da puta? De qualquer modo, e seja como for, estou tentado a pensar que as velhas de Vale da Pinta é que tinham razão e que tudo isto não passa de meros preciosismos.

     Para rematar, e no propósito de não me desviar do cerne da questão, que só agora vou aflorar, e vendo tudo o que se tem dito e escrito acerca da famigerada lei das candidaturas às Autarquias, cuja redação alguém viciou com um "de" em vez do original "da", vou dizer o que penso acerca dessa congeminada tramoia. Está-se mesmo a ver que, quem redigiu o "de" e rasurou o "da", o fez com o firme propósito de dar cobertura à reeleição dos seus dos amigos, quer sejam corruptos ou impolutos. Perante tal farsa, só se me afigura uma frase: puta que os pariu! Isto, quer estejamos na presença de putas impolutas ou de putas polutas, o que, para o caso, e na senda dos anteriores preciosismos, tanto faz.  Assim sendo, já não preciso de arranjar desculpas ou artifícios para utilizar as preposições "da" e "de", sempre que aos políticos aludo. Quero lá saber se são candidatos às Câmaras de Lisboa, do Porto, de Sintra, ou se são chamados de Seara, Menezes ou Flores! Cá para mim são todos iguais.Tábua rasa. Se não quiserem ser equiparados a lobos, não lhe vistam a pele.

     Abaixo as "lapas", as jogadas por debaixo do pano, o compadrio e a corrupção; abaixo a semântica, as charlas, as charlatanices e os charlatães. Abaixo os preciosismos e mais quem os utilizar! Tudo isto resumido em apenas quatro palavras: - Estou farto de malandros!

Por: José Caria Luís

Obs. Texto escrito com base no Acordo Ortográfico
  
   
    


 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

CARNE DE CAVALO? QUE ESQUISITICE !




Até carne de BURRO, quanto mais de CAVALO!


      Carne de CAVALO? Questionam eles. Que esquisitice! Digo eu. Pois fiquem sabendo, meus amigos, e não só, que essa estória ou mania de não gostar de carne de cavalo é uma modernice sem qualquer base de sustentação ou, como diz o povo, uma coisa sem pés nem cabeça. Há lá melhor bife do que um bom naco de carne de equídeo?
     Na minha terra houve dois talhos em permanência: o do Chico da Anica (mais tarde o filho, Zé Periquito) e o do Francisco Rouxinol. E digo houve, porque hoje já não há nenhum. Aquele primeiro, ainda durou para cima de cinquenta anos, enquanto que o segundo se deve ter ficado pelas quatro décadas. Estes só vendiam carne de carneiro e de porco, que eles próprios matavam. Nem vaca nem cavalo alguma vez teve a honra de se ver exposto em tais escaparates. Dá-me a impressão de que, para o povo de Vale da Pinta, o consumir carne de cavalo, até seria uma heresia. Tal como os muçulmanos abominam a carne de porco, também os meus conterrâneos eram avessos à de cavalo. Carne de vaca, embora só mais tarde se verificasse a abertura de talho desta especialidade na terra, sempre vinha, aos fins de semana, do Mercado do Cartaxo, e comia-se. Os tais dois talhos mais antigos, até tinham rebanhos de ovinos, que criavam e apascentavam, não só por cômoros e valetas mas, também, pelas herdades pertenças de A, B e C, o que, de vez em quando, despoletava um queixa na G.N.R. e lá ia o Chico da Anica e mais o Rouxinol, cada um a seu tempo, à vez, pagar a multa ao Cartaxo.
     Em tempos que já lá vão, já para cima de meio século, nos tempos em que trabalhei em Colares, Oeiras, Sesimbra, Lisboa (Alvalade e Alcântara), vi, com grande surpresa, que havia talhos de carne de cavalo. Até em Marrocos vi alguns talhos de carne de cavalo, vejam bem! À primeira vista nem dava para acreditar. O quê? As pessoas, os humanos comiam carne de cavalo? Mas a verdade é que se os estabelecimentos estavam abertos é porque tinham clientela, senão fechavam todos, como está a acontecer agora, embora por motivos diferentes.
     Mas, bem vistas as coisas, às tantas até a carne de burro marchava... Marchava, porque marchou, durante alguns anos, para o bandulho dos saloios, ali para Loures, Odivelas e Olival Basto. Nas décadas de cinquenta e sessenta descobriu-se um grande filão de matadouros clandestinos que, à mistura com as outras espécies consagradas no altar da mesa dos portugueses, aproveitavam todo o tipo de gado asinino para alimentar uma grande fatia daquelas populações, ali mesmo às portas de Lisboa. Porém, que se constasse, parece que não houve óbitos nem duradouras maleitas. Prenderam meia dúzia de mixordeiros, fecharam alguns estabelecimentos e pronto. Carne de burro, jamais! Penso eu. Mas agora, aqui para nós, que mais ninguém nos lê: que tal uma bela nalga de um tenro burrito assado no forno? Não ia, não? Ó meus amigos, é tudo uma questão de hábito... ou fome!...
     Fique pois o pessoal ciente de que uma coisa é a saborosa, saudável e energética carne de cavalo, a outra, completamente diferente, é pretenderem vender gato por lebre que é, como quem diz, operarem uma miscelânea de carnes, em que intervêm cavalo e vaca, com rótulos falsos, como no caso das embalagens de lasanha, vendidas por essa Europa fora. Todavia, como o que não mata engorda...
     É bom que se averigue qual foi o animal que mais se distinguiu no campo da maluquice: se os cavalos ou as vacas. Cavalo louco ou "Crazy Horse", que eu saiba, houve apenas três e, mesmo assim, foi no sentido figurado, já que era o nome de guerra atribuído a um chefe índio; um cabaré de maus costumes, em Paris e o nome de batismo de um conjunto pop norte-americano. Quanto à quantidade de vacas loucas, estamos conversados. Aqueles que sofrem de insónias, em vez de se porem a contar carneiros, passem a contar vacas, mas loucas. Contudo, aposto em como estas são bem mais que os cavalos.

Obs. Este artigo está conforme o novo A.O.      

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

MESTRES e mestrezinhos


Há os Mestres e os mestrezinhos 
    Quase todos nós, no nosso quotidiano, ouvimos ou lemos acerca de certos assuntos, nos mais diversos campos e no cerne das mais variadas matérias, estejam elas relacionadas com a carestia de vida, com os pagamento das portagens ou com o flagelo do desemprego que, quanto a mim, estará na origem desta minha tomada de posição.
    Como tudo na vida, há temáticas que nos são familiares e outras nem tanto, mas, mesmo nestas, onde não somos muito entendidos, desde que sejamos, ao menos, medianamente cultos, também estamos habilitados a emitir a nossa opinião. No caso vertente, esta minha análise não padece de qualquer preconceito nem terá um nível por aí além, atendendo a que não tenho formação superior. Por isso, pese embora as minhas naturais limitações, e para que mais não sirva do que exercitar o cérebro e os dedos, não me coíbo de passar para o teclado o que, no que concerne ao título deste artigo, me vai  na mente.
    Ando há algum tempo com a mania fisgada de que, qualquer dia, teria que "desabafar", passando, não para o saudoso papel, mas para a tela, o meu conceito acerca deste tema, que apelido de "Os MESTRES e os mestrezinhos". Então cá vai:

   
    Era eu um miúdo que, em Vale da Pinta, quando frequentava a Primária, já ouvia, com uma certa frequência, o tratamento de "mestre". Sempre que alguém de fora da terra - como, por exemplo, aqueles motoristas dos camiões carregados de tonéis vazios que, depois de cheios, haviam de retornar rumo às adegas dos armazenistas do Cartaxo - demandavam a aldeia, nós os putos, não sabendo o nome de cada um deles, costumávamos chamá-los por "mestre". Alguns deles não gostavam muito desse epíteto e, mostrando desagrado e usando líguagem vernácula, mandavam-nos ir chamar mestre a outro.
    Passados alguns (poucos) anos e entrando no mundo das obras, constatei que, a todo o artífice que manuseasse uma colher de pedreiro ou serrote de carpinteiro, também tratavam por mestre. Até o homem, que passava as mestras de argamassa nas paredes e que serviam de guia para o reboco, era apelidado pelo mestre das mestras. Desde o mestre-escola ao mestre da música, passando pelo mestre-sala, mestre de armas, mestre de campo, mestre-cuco e mestre de obras, todos eram mestres. Mestre, também o foi Afonso Domingues que, confiando na sua sabedoria, permaneceu dois dias e duas noites sob as abóbadas do Mosteiro da Batalha, expondo-se ao eventual perigo de uma derrocada e, ao mesmo tempo, desafiando os seus detratores. Até eu fui mestre, em duas situações distintas: uma como mestre pedreiro e uma outra, uns anos mais tarde, como mestre de obras. Este grau académico-profissional foi-me passado, com diploma e tudo, pela Escola Técnica Machado de Castro. Porém, depois de 1975, passei, tal como os outros ex-colegas, a ser considerado Agente Técnico de Arquitetura e Engenharia. E lá se foi o mestre para o galheiro.
   Mas os mestres não iriam ficar por aqui, já que, nos últimos tempos - e parece que foi novidade que tende a eternizar-se - os mestrados despontam a um ritmo vertiginoso; mais parecendo cogumelos a florescer, bosques adentro.
    Ora bem. Qual é, então, o grau de analogia que se nos depara quando se olha para este tema, de um modo mais abrangente? Ora aqui é que aparece o paradoxo: os estudantes que perfilham a continuidade dos estudos após a licenciatura - de 3, 5 ou 6 anos anos, conforme os casos, não tendo onde se "encaixar" num qualquer emprego, dentro da sua área ou noutra, mesmo que de modo precário, mas que lhe garanta um início de vida condigno, e sendo-lhe negado esse bem, partem para o mestrado. Mas atenção: isto é só para os que têm essa veleidade, porque muitos, devido restrições no seio familiar, veem essa progressão por um canudo. E, assim, para estes, o mestrado torna-se uma miragem. E convém não esquecer que, aqueles licenciados de 3 anos, continuando mais 2 no tal mestrado, acabam por ser mestres ainda mais cedo do que os que ainda estão nas licenciaturas de 5 ou 6 anos.
    Mas será que muitos daqueles licenciados, que prosseguem na carreira estudantil, virão, depois, a ter sucesso na vida empresarial? É que, nesta área, em termos de categoria profissional, um mestre estará sempre um grau acima do licenciado. Agora, imaginemos o exemplo de um licenciado em enfermagem, já com dez ou mais anos de carreira, ficar sob alçada do recém-mestrado, que nunca trabalhou na vida... E esta aberração pode estender-se a outras áreas e demais profissões.

    Sobre o exposto, não se conclua que eu advogo que os estudantes que não conseguem emprego ou que não tenham grande possibilidade de emigrar, se fiquem aí, por qualquer canto, a arrumar carros ou a fazer coisas ainda piores, não. O sistema e as circunstâncias em que os políticos e banqueiros deixaram o país é que aniquilaram os anseios de qualquer jovem que, agora, se vê metido num colete de forças, do qual não sairá tão cedo. Portanto, o que seria normal era que, cada um deles, após ter concluído a licenciatura (de 3; 5 ou 6 anos), tivesse um mercado de trabalho à sua espera. Depois, aí, cada qual mostraria a sua valia, evoluindo e progredindo na carreira. O mestrado seria feito de modo gradual, conforme a mais-valia e os créditos obtidos na profissão. Melhor seria que saíssem Mestres em vez de mestrezinhos. Tentem, pelo menos.
    Em minha opinião, perante a pérfida herança deixada pelas seitas de malfazejos que vos criaram esta situação, mais vale andar a fazer mestrado do que parar de todo, mas daí à realidade da lógica e do país, vai uma diferença abissal. O "saber não ocupa lugar", se bem que, a mim, em tempos remotos, queriam fazer-me acreditar que o saber não ocupava nenhum lugar, isto é, quem sabia não arranjava emprego. Tinha eu 14 anos e queria, a todo o custo, estudar à noite, já que durante o dia tinha que bulir, no duro.
    De todo o modo, boa sorte, malta. Ânimo. 


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

DESLEIXO ou IGNORÂNCIA dos MEDIA?

Não seria SAÚDA?
SAÚDA
À PIRATARIA da NATO?
Regressa à Somália
Não seria INDISPONÍVEL?
CÉLEBRE? Não é CÉLERE?

DESLEIXO ou IGNORÂNCIA dos MEDIA?

Infelizmente, e a par das imagens, o chorrilho de disparates não acaba aqui, nestas fotos. Seja nas TVs ou na Rádio, a lista seria longa se acaso houvesse alguém, com tempo e pachorra, para se entreter a sinalizar as asneiras que, no dia a dia, nos "entram" casa adentro. Dizem, então, eles e elas, aqueles e aquelas que ganham escandalosos ordenados, sem que para tal mostrem um mínimo de competência: 


OS PIRATAS da NATO?
- A moral da equipa...
- Duzentas gramas...
- Quaisqueres palavras...
- Entreteu a turma...
- Fizestes...
- Dissestes...
- Corrimões...
- O mau-estar...
- Em frações de segundos...
- Por haverem alunos...
- Póvoa do Varzim...
- Póvoa do Lanhoso...
- Hospital Garcia da Horta...

E o mais grave é que, numa mesma sessão, insistem no erro sistematicamente, dando a ideia de que não são lapsos momentâneos, mas antes pura ignorância.
É de lamentar que as entidades, aqui representadas por pessoas, que têm o dever de informar, com a devida correção, uma população de alguns milhões de pessoas, não cumpram, essas mesmas entidades e seus colaboradores, os requisitos mínimos que devem orientar os comportamentos de verdadeiros profissionais.
Mandem essa gente de volta à escola ou façam reciclagens, mas a prosseguir nesta senda, mais vale que vão "cantar" para outra rua e nos desamparem a loja.



8 dias, queres dizer!

sábado, 19 de janeiro de 2013

GENTE QUE (em princípio) VOTA

Terrorismo social

GENTE QUE (em princípio) VOTA
Muita desta gente, do tipo que abaixo aludo, vota. Vota, mas não devia. É por estas e por outras parecidas, que os políticos nos enganam e ainda se riem: uns nas nossas costas e outros, com menos pudor, estilo Miguel Relvas, com aquele sorriso cínico, até na nossa cara, riem de nós. Portanto, cuidado com eles!

Aqui há tempo, ainda antes da obrigatoriedade da recolha pelo vendedor, comprei um frigorífico novo e, para me livrar do velho, coloquei-o em frente ao prédio, junto de um contentor, com o aviso: "Grátis e a funcionar. Se quiser, pode levar".
O frigorífico ficou três dias no local, sem interessados.
Em seguida, afixei-lhe um papel dizendo: "Frigorífico à venda por 50 €uros".
Nessa noite foi roubado.
Ele ou ela, votam.
                                                                                                                                                               

Uma vez, quando fui a uma agência imobiliária, a fim de alugar um apartamento no Algarve, e quando perguntei à empregada para que lado ficava o Norte, porque não queria que o meu sono fosse incomodado pelo sol da manhã, ela perguntou: - "O sol nasce do Norte?"
Quando lhe expliquei que o sol nasce a Nascente (daí o nome), já há muitos anos, ela desabafou:
 - "Sabe, eu não estou muito atualizada a respeito desses assuntos".
Ela também vota.
                                                                                                          

Tenho uma vizinha, daquelas que, nas reuniões de condomínio, falam, falam... falam de tudo: do que sabem e do que não sabem. Então, esta mesma senhora, enquanto aguardávamos a chegada do administrador do condomínio, ia falando com uma outra vizinha, gabando-se que tinha adquirido uma ferramenta salva-vidas, para cortar o cinto de segurança se nele ficasse presa, em caso de acidente. Mas quando a outra lhe pediu para definir a peça e como a guardava, ela, de nariz empinado e com toda a naturalidade, disse: - "No porta-bagagens, claro!"
Ela vota.
                                                                                                                                                              

Aqui há dias, na frutaria da esquina, após uma rapariga, dessas da moda, com um anel no nariz e uma corrente a ligá-lo ao brinco, ter saído porta fora, ouvi o seguinte comentário: - "Será que a corrente não lhe dá um puxão no nariz, sempre que ela vira a cabeça"?
Esta senhora desconhece que a distância entre as duas extremidades da corrente é constante, mas...

Ela vota.
                                                                                                                                                              

Um amigo meu, pessoa viajada, deu conta de que as suas malas não figuravam no tapete de bagagens do Aeroporto de Pedras Rubras. Já tinha contado três passagens, e da sua bagagem nem sombra. Dirigiu-se ao balcão das bagagens extraviadas e queixou-se do facto à funcionária. Ela, sorrindo, disse-lhe: - O senhor não se preocupe. Sou uma profissional experiente e tudo se vai resolver pelo melhor. Agora, diga-me uma coisa: - O seu avião já chegou?

A senhora do balcão, vota.

                                                                                                         

Fui há dias a uma famosa pizzaria (coisa rara) e à minha frente estava um fulano que tinha acabado de pedir uma pizza para levar para casa. O empregado, muito solícito, perguntou: - O senhor quer a pizza inteira ou quer que a corte em 4 ou mesmo em 6 fatias? - e o freguês respondeu:
- "Corte em 4 pedaços; acho que não estou com fome suficiente para comer 6 fatias".

Este cliente, vota.

Assim sendo, pelo que se ouve e vê cá pelo burgo, podem os políticos - mesmo os mais reles e gosmas - ficar descansados, que têm sempre clientela desta a votar neles.





domingo, 13 de janeiro de 2013

A PARALISIA da CONSTRUÇÃO


13 de Janeiro, 2013 -  José Caria Luís (subanálise e crítica)

A PARALISIA da CONSTRUÇÃO
Há crise na construção civil! Dizem todos. Olha a novidade! Digo eu.
Esta realidade, patente no ramo da construção, é muito mais abrangente do que a simples Construção Civil. A construção, a que muitos teimam em chamar, única e simplesmente "Construção Civil", tem um vasto campo de ação: desde a dita Construção Civil (entenda-se edifícios) às obras de Vias de Comunicação, Gasodutos, Obras Marítimas e Fluviais. A crise instalada terá múltiplos fatores na sua génese, e as maleitas nada explícitas, confusas q.b., quase sempre de sentido único, apontadas ao setor, também não são ajuda na análise séria e cuidada, que tem que ser feita aos despojos do ramo da indústria que mais empregados teve nas últimas cinco (?) décadas e mais desempregados tem no presente. Pelo menos, em Portugal. Julgo que as causas que estiveram na origem do descalabro verificado, serão bastante específicas e complexas; algumas delas transcendem-me os conhecimentos, por isso não me vou alongar em conjeturas, que mais não fariam do que ajudar à confusão. Ora como eu apenas pretendo, neste espaço crítico, dar o meu contributo no sentido de ajudar a clarificar o tema, tendo em conta a minha longa atividade profissional, não entro em áreas cujos meandros não domino e, por via disso, cingir-me-ei apenas ao leque de conhecimentos e vivências onde estive inserido.
Começando pela deficiente classificação das pessoas, direi, como exemplo, que em meados da década de 70, o mercado teve tal incremento, as coisas evoluiram de tal modo, que se assistiuà implementação espontânea, um tanto de estilo selvagem, de que "quem tem olho é rei", numa onda de aproveitamento aos oportunistas e perniciosa para os verdadeiros profissionais. Senão vejamos: em 1970, na empresa onde eu trabalhava (Construções Técnicas, S.A.), na obra do Hangar 6 da Tap, no Aeroporto de Lisboa, o salários dos artífices era nivelado, igual para todos eles, mas como em obra de tal "finura" de acabamentos, havia os mais, os medianos e os menos habilitados, lógico seria que se fizesse uma destrinça, premiando os mais habilitados. Para isso foram criadas três categorias de artífice: A, B e C; send0 que os A auferiam um prémio diário de x, os da B, y e os da C não tinham direito a nada. Estes não passavam de operários de 3ª, que só abriam roços ou pouco mais.
Passados poucos anos, uns quatro ou cinco, os Sindicatos, em conjunto com as Comissões de Trabalhadores, acharam que todos os operários eram iguais, portanto nada de premiar os que eram mais capazes. Eles até diziam que aquele esquema era uma artimanha do patrão para desunir a classe. Sabem o que aconteceu? Eu conto! Os da categoria A, que sabiam trabalhar e rendiam em consonância com os seus conhecimentos, sentiram-se roubados e, ao tempo que deixaram de ser tão perfeitos nas tarefas, também deixaram de render na atividade; os segundos, da B, também acharam que eram superiores aos da C e que, agora, os seu proventos tinha regredido; os da C, felizes e contentes da vida, nem sequer se esforçavam para aprender, indo mais além, porque se ganhavam tanto como os da A e da B, para quê mais preocupações?
Com os encarregados, em que uma anterior geração, andou a queimar as pestanas para conseguir evoluír e chegar a outro patamar, passou-se o mesmo, isto é, livros fora. Bastava um pouco de expediente, ser da cor predominante e já estava. Estudar era só para os vaidosos.
No início deste século, a CE "inventou" o CAP - Certificado de Aptidão Profissional. Era feito por classes. Não só para a arraia miuda, como também para Encarregados, Topógrafos, Técnicos de Construção Civil e até os Engenheiros tinham que se sujeitar aos testes que lhes garantissem o citado Diploma, sem o qual não se poderiam exercer atividade profissional. Sabem no que deu? Em nada! E sabem porquê? Porque o nível de literacia e restantes conhecimentos técnicos, da esmagadora maioria que foi a exame, eram tão fracos, sofríveis, que o Ministério suspendeu os testes e os Diplomas. E andei eu a preparar-me, afincadamente, para obter aquele Certificado, o tal CAP que me permitiria exercer a minha atividade de Técnico de Construção Civil em qualquer país da Europa, para, agora, o ter espetado numa parede do meu escritório, como se de um quadro de Goya se tratasse. Tem a data de 19 de Outubro de 2006 e é válido até 19-10-2014. É um quadro para reformado ver.
Tudo isto para lembrar que, grande parte das pessoas que entraram de roldão na chamada construção civil, não eram senão paraquedistas de queda livre, oportunistas que vislumbraram no mercado uma maneira fácil de ganhar dinheiro. Agora, nesta fase crítica, tanto sofrem os que sabem, como os que nunca souberam.
E é bom não esquecer, ao menos para memória futura, aqueles que nunca foram do setor da construção civil, mas cujas profissões estavam direta ou indiretamente ligadas ao ramo, e se encontram no desemprego, tal como os outros. O resultado final é o somatório das partes.
José Caria Luís
 
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12 de Janeiro, 2013 - por Fernanda Pedro (texto)
 
A queda do volume de construção aumentou o desemprego no sector. Só vai sobreviver no mercado quem tiver qualificações.
O sector da construção é dos que mais tem sofrido com a recessão. Muitas empresas já fecharam portas empurrando milhares de trabalhadores para o desemprego. Segundo os últimos dados avançados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no terceiro trimestre de 2012 o licenciamento de obras voltou a cair para novos mínimos. O número de edifícios licenciados teve uma redução média anual de 14,4%, fixando-se em cerca de 5.100 edifícios. Também o número de edifícios concluídos registou uma variação média negativa, -1,1%, caindo para 6.400 edifícios. Todas as variáveis analisadas registaram os valores trimestrais mais baixos desde o 1.º trimestre de 2001. Ainda no ano passado a Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP) revelou que o desemprego na construção atingiu um máximo histórico e o sector perde actualmente 90 postos de trabalho por hora. E para o ano agora iniciado não se perspectiva nenhuma alteração nesta tendência.
Vítor Cóias, presidente da direcção do GECoRPA - Grémio do Património, revela que é totalmente irrealista esperar que, em Portugal, a construção volte aos excessos dos anos de transição do milénio. «O país vê-se hoje a braços com perto de um milhão de habitações devolutas, com o inerente desperdício de recursos materiais, energéticos e financeiros. A queda do volume de construção é uma correcção saudável, que só peca por tardia. Infelizmente traduz-se num excedente de mão-de-obra e, portanto, em desemprego», salienta.
O responsável adianta ainda que o nível de qualificação da mão-de-obra da construção é muito baixo, sendo particularmente difícil a situação dos desempregados do sector. «Os operários qualificados conseguirão mais facilmente encontrar emprego, provavelmente no estrangeiro, nos tempos mais próximos», admite.
Construção pede mais mão-de-obra qualificada
Vítor Cóias refere o documento Strategy for the sustainable competitiveness of the construction sector and its enterprises, da Comissão Europeia, onde se prevê que a construção necessite cada vez mais de mão-de-obra qualificada para a aplicação de tecnologias avançadas e para a melhoria da organização do trabalho. O responsável do GECoRPA refere também um estudo publicado pelo IAPMEI em 1998, onde se reconhecia que «a generalidade dos trabalhadores da construção é actualmente ‘menos sabedora do seu ofício’, tem menos qualificações profissionais do que há trinta anos».
«Esta situação não se alterou. O número das profissões do sector da construção em condições de serem certificadas mantém-se estagnado há vários anos, não ultrapassando as duas dezenas, num total de mais de 60», explica Vítor Cóias. O número de Certificados de Aptidão Profissional (CAP) atribuídos a profissionais do sector é pouco significativo. Para este insucesso muito contribuiu o facto da atribuição dos alvarás para o exercício da actividade de construção não depender das qualificações dos profissionais.
Com o Decreto-Lei n.º 92/2011, de 27 de Julho, foi criado o Sistema de Regulação de Acesso a Profissões (SRAP), que visa simplificar e eliminar barreiras no acesso a profissões e actividades. «Apesar do inegável interesse público do sector da construção, e da sua gritante necessidade de qualificação, a maior parte das profissões nele exercidas não é regulamentada e não se prevê que o venha a ser. Tal facto alinha bem com o facilitismo do passado, mas está em clara contradição com o que o que deve ser a estratégia do sector, enunciada em meados deste ano pela Comissão Europeia», alerta Vítor Cóias.
Reabilitação com qualidade será difícil
Para o presidente do GECoRPA é necessário melhorar o nível de literacia da força de trabalho da construção. Os recursos humanos deste sector possuem qualificações muito baixas (dois terços não têm mais do que a antiga 4.ª classe), na linha do reduzido nível de literacia da população adulta portuguesa. «O mais grave é que, segundo informação da Comissão de Regulação do Acesso a Profissões (CRAP), que deve emitir pareceres sobre a fixação de requisitos de acesso a determinadas profissões, não se prevê que as principais áreas da construção venham a ser regulamentadas, ao contrário da Alemanha, Áustria, Reino Unido ou França», revela.
Para Vítor Cóias isso está em clara contradição com o que o que deve ser a estratégia do sector. «Dificilmente haverá intervenções de reabilitação com qualidade, em termos de eficácia e economia, sem que haja empresas qualificadas, e não haverá empresas qualificadas se não houver profissionais qualificados», conclui.
Fernanda Pedro
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